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Do que os pais são capazes


Decidiram que naquele dia iriam ao lago. O casal sempre gostou de passear às margens, caminhar pelos gramados verdes. Um contato com a natureza. A família tinha este hábito. O jovem Jones, com seus dez anos, era um nadador nato. Adorava a água. Logo que chegavam, mal a mãe instalava a toalha , o cesto com as frutas, os pratos, etc, arsenal que fazia parte obrigatória do passeio, e lá ia Jones, direto para a água. Os pais não se preocupavam com esta atitude, pois sabiam desta paixão do menino e confiavam, pois ele era um exímio nadador.

A intuição feminina aliada ao amor de mãe, são duas forças poderosas. Elizabeth estava um pouco ansiosa, naquela manhã. A todo momento dirigia seu olhar para o lago e ficava admirando o filho. Ele nada muito bem, não é mesmo, Charles? Sim, respondia o pai, sem compreender muito bem o porquê daquele olhar diferenciado das outras vezes em que iam para o lago.

De repente, ela solta um grito e corre para a margem. O homem a segue, sem ainda entender o que estava acontecendo. Ficam estarrecidos quando constatam que, atrás do menino, mas a uma certa distância, se aproxima um enorme crocodilo. Não há o que fazer. O garoto, nada com todas as suas forças e com a maior velocidade que consegue imprimir aos seus movimentos, Os pais, ficam na margem, numa atitude ímpar de espreita para agir no momento certo, Não se desesperam, parecem saber o que deve ser feito. Quando o menino se aproxima da margem os pais saltam na água indo ao seu encontro. Como num movimento orquestrado, o pai vai em direção ao crocodilo, pronto para subir em suas costas, enquanto a mãe abraça o garoto puxando-o para si. O animal abre suas enormes mandíbulas, pronto para fechá-las em cima da perna do garoto, quando o pai, já montado em suas costas, usando toda a força do mundo (que os pais adquirem quando precisam salvar um filho) puxa a parte superior da cabeça, impedindo que ela se feche. A mãe, puxa o menino, quase de dentro da boca do animal e foge da água, já com o garoto em seus braços. Os minutos seguintes são de extrema ansiedade, pois o pai ficou numa situação de muito perigo. Ao soltar a mandíbula do crocodilo, havia um enorme risco que ele se voltasse para o homem e o atacasse, desta vez, sem chance para o homem. Este, num movimento arriscado, mas inteligente, solta o animal e, ao mesmo tempo mergulha profundamente, indo para longe dele, por baixo d’água.

São instantes de imenso desespero para Jones e sua mãe, seguidos por um enorme alívio quando o veem surgir, um pouco mais ao longe, a alguns passos deles.

Os três se abraçam e choram, emocionados, assustados, mas imensamente aliviados.

O que dizer, de uma situação como esta? A atitude dos pais, em momento algum, transpareceu dúvida, medo de arriscar-se, etc. O amor pelo filho, a necessidade de sua sobrevivência, funcionava como se fosse a deles.

Sim , nossos filhos não nos pertencem, mas pertence a nós a possibilidade de mantê-los vivos e saudáveis para que a vida se realize e continue em sua plenitude. Simples assim.

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