
Uma geração inquieta, que não pára e não sabe o que busca exatamente. Mas, com certeza, sabe que busca. Vive no“fio da navalha”, quer adrenalina e todos os perigos que enfrenta
parecem não ser suficientes para acalmar o desejo de mais e mais. Estes jovens e estas crianças não sabem definir o que querem, mas são definidos quanto ao que não querem. O mundo todo não lhes basta. Vivem num ir e vir que nunca chega e por isto mesmo, trazem consigo um sentimento de frustração, de tristeza. A liquidez que caracteriza os movimentos deste século, “onde nada é feito para durar”(Baumann,2015) traz inconstâncias, incertezas e faz com que crianças e adolescentes, principalmente, se sintam soltos, perdidos e, por isto mesmo, se prendem e buscam no mundo virtual a conexão que lhes dá a segurança que precisam. Esta sociedade apresenta resquícios de uma realidade onde se observa uma mistura confusa do que realmente é e do que poderia ser.
Exercer autoridade, de repente, se tornou um grande problema. Os pais não se autorizam, confundindo os conceitos: autoritarismo e autoridade. Os modelos, segundo os quais eles próprios foram educados, não lhes conferem este discernimento, nem servem de apoio, uma vez que já não se aplicam aos valores da moral vigente.
Parece estar perdido o sentido de viver em sociedade, de compartilhar, de estar junto. A busca enlouquecida, desenfreada por bens de consumo, que ilusoriamente fazem as pessoas se sentirem pertencentes ao grupo, e portanto, inseridas na sociedade, de fato nada mais é que do que uma busca pelo sentido de bem viver, de ser feliz. As crianças e os jovens são extremamente suscetíveis a estes objetos que prometem satisfação, que são sedutores, que lhes apontam vantagens e que lhes prometem um sentido à própria vida.
Os adultos, tentam, com pouco êxito, encontrar os fios que tecem as suas malhas conhecidas. Buscam conceitos que lhes preencham e expliquem esta modernidade, tão ampla, tão misturada, tão confusa. Se perdem e os seus valores, antes fortes e vigentes, agora os confundem, trazendo a ideia de uma moral frágil, não mais rigorosa nem categórica, deixando os pais, a mercê dos desejos dos filhos que, afinal, os levam para todo lado, para qualquer direção, sem um norte. Enquanto adultos, pais, educadores, professores, etc não reconhecem a verdade de um mundo que não sabe mais distinguir o joio do trigo. Como num tornado onde o vento só adquire velocidade, as crianças, os jovens e seus pais são jogados de um lugar para outro, sem saber para onde ir. Estão envoltos em uma cultura que privilegia o “modus vivendis” mas não apresenta soluções para a busca de um ideal de felicidade e bem estar para o próprio viver.
Sem dúvida são novos cérebros os que aí estão.
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