Com o avanço das pesquisas científicas, sobretudo em neurociências, muito se aprendeu sobre as crianças que apresentam sintomas do espectro autista. Entre constatar que algumas crianças apresentavam dificuldades de comunicação e interação sociais, comportamentos repetitivos e restritos, e começarem as pesquisas para melhor entendimento do quadro clínico que estas crianças apresentavam, tivemos um tempo de 30 anos aproximadamente. Apenas em 1980 a comunidade científica reconheceu e classificou este transtorno como uma alteração mental. Na verdade ele é considerado um espectro pois engloba diversos e diferentes níveis de complexidade.
Segundo o neurologista Antonio Carlos de Farias (Curitiba, PR, 2016) “É um transtorno do neurodesenvolvimento, que possui origem biológica, comprometendo o funcionamento cerebral relacionado ao processamento e armazenamento dos estímulos sensoriais e linguagem verbal e não verbal, gerando prejuízo na capacidade de comunicação, imaginação e socialização”.
Os sintomas estão relacionados a dificuldades de comunicação social, comportamentos repetitivos e restritos, dificuldade significativa de interação social. Nos primeiros meses a criança já pode mostrar sinais característicos do transtorno, mas como eles são ainda muito sutis, nem sempre os pediatras ou mesmo algum outro profissional especialista, consegue definir este quadro clínico. Muitos sintomas são também comuns a outros transtornos ou síndromes, acontecendo em comorbidade com o TEA. Isto faz com que o diagnóstico seja delicado e o profissional se torne muito criterioso, pois são muitas, e diferentes, as causas que levam ao transtorno. No entanto, é importante saber que quanto antes for definido este diagnóstico maior será o êxito do tratamento. Apesar de já existirem protocolos específicos, tabelas para triagem, para diagnóstico e para acompanhamento das crianças quando há suspeita de autismo, ainda há, por parte dos médicos muito cuidado em fechar este diagnóstico.
Apesar de haver muito avanço no estudo e descobertas sobre autismo, as causas ainda são desconhecidas, embora já se tenham alguns indícios relacionados as questões genéticas. Conforme nos esclarece o neurologista Carlos Gadia (Hospital Infantil Nicklaus, de Miami: “[... no início da gestação o órgão (cérebro) passa por um período de proliferação de conexões, que logo depois é substituído por outro processo, conhecido como poda neuronal. Nesse momento, as ligações entre neurônios subutilizadas são desligadas, em um mecanismo de seleção natural, por assim dizer, e apenas as ligações decisivas permanecem. No autismo, a poda não acontece de modo eficaz. Uma grande quantidade de células persiste, mas são células não treinadas. Não se sabe o que produz a ineficácia dessa poda neural...] Referência: Revista Veja, O novo mundo do autismo, editora abril, edição 2540, julho/2017
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