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Adilson e os ovos dos dinossauros

Jack tinha marcado a reunião para meia noite. Queria acabar com aquela história.


Jullius e Tino caminhavam lentamente em direção a grande fogueira. Mas eu não queria que fosse lá. Porque não poderia ser perto daquela imensa árvore, o Carvalho? Todos conhecem. Eu não gosto de fogo, reclamava Tino. Ele era um tyranossaurus rex muito velho e experiente. Sentia o cheiro de confusão no ar.

Também conhecia os zumbis. Não se pode confiar neles, pois às vezes não ouvem, outras vezes não conseguem falar. Sem contar as vezes que andam sem rumo para qualquer lado porque não enxergam. Decididamente não acho uma boa ideia nós irmos a este encontro, Julius. E fez meia volta. Nananinanão! Gritou Jullius. Ele era um stegossauro, herbívoro portanto. Gostava de samambaias, musgos. Você vai comigo porque é do interesse de todos nós. É nosso grupo que está em perigo.


Os zumbis estão tentando nos ajudar. Não seja grosseiro com eles. O quê? Ajudar? Eles não conseguem dar conta nem deles mesmos! E qual é a pauta, afinal? Sobre o que Jack quer falar? Ah, isto ele não disse. Mas tenho quase certeza que é sobre o pirata. O Adilson, perguntou Tino?


- Sim, ele mesmo. Parece que desvendou o mistério do portal, depois fugiu e desapareceu.




- E daí? Deixa ele ir, por certo não voltará para esta ilha no fim do mundo, só para nos incomodar.


- Mas aí é que está o problema. Também se ouviu rumores que ele quer descobrir o esconderijo dos ovos dos dinossauros.


- O quê? Como assim? E porque ele iria querer os ovos dos dinossauros?


- Não sei, e não faço a mínima ideia. Por isto o Jack chamou todo mundo para ver se encontramos alguma pista.


- Mas onde estão os ovos, afinal?


-No berçário, ainda bem escondidos e protegidos mas os pais estão com medo que ele descubra.


De repente, o susto. Esconda-se Julius, diz Tino. Assustado o dinossauro tenta ficar atrás de uma grande árvore. Silêncio. Jullius, que era um stegossauro, observa os musgos suculentos presos a uma trepadeira que está bem próxima e neste exato momento ouve os gritos da pobre ave que seu amigo havia abocanhado. Com os olhos arregalados de espanto, Jullius nem pergunta porquê. Tino revida a expressão indignada do parceiro. Ué, tenho que jantar, não é mesmo?

Seguem a trilha até a fogueira, sem que Jullius dirija a palavra ao amigo. Não gosto que você coma as pobres aves. Mas eu preciso comer. Vamos fazer as pazes, Jullius, quero dar um abraço em você.


- Com estes bracinhos curtinhos? Tá de brincadeira, neh? Chega Tino. Assunto encerrado. Eu prefiro as samambaias e os musgos.


No caminho encontram cada vez mais dinossauros indo para a reunião. Alguns conversando animadamente, mas alguns até chorando estavam. O que houve? Pergunta Tino muito aflito.

- Acho que o berçário já foi descoberto. E alguns ovos já devem ter sido roubados, responde com tristeza o Alonso, um alossaurus, jovem ainda e bastante forte. Não era muito grande, mas era ágil e muito rápido. Estava disposto a enfrentar a esperteza do pirata para proteger seus conterrâneos.


- Ai, não! E agora, o que vamos fazer? Diz Julius muito preocupado.


- Vamos ver no que o Jack pode nos ajudar.


E lá estava o zumbi Jack. Tentava subir em um tronco para ficar mais alto e assim ter melhor visão de todos os que tinham chegado para a grande reunião.

Mas o fato é que a falta de um pedaço da perna direita o impedia de subir. Compreensivo Tino oferece seu longo pescoço para levar o zumbi e depositá-lo na forquilha da grande árvore que havia próxima a fogueira. Mas não dá para apagar este fogo todo? pede Tino. É, concordam alguns e por fim, decidem que sem fogo é melhor. Jogam terra, água, tudo até que o fogo se apaga.


Mas daí descobrem que no escuro não se enxergam. Eu não me importo, diz Seghas, afinal ele nem tinha olho, então não precisava de luz mesmo.


Algumas confusões depois e resolvem acender novamente a fogueira. Afff. Está bem, concordam todos, inclusive Tino.Pois muito bem, comecemos então!


Eu, Jack, representando todo o grupo de zumbis da ilha e da cidade, venho oficialmente oferecer nossa ajuda aos dinossauros que estão perto de perderem seus ovos, comprometendo assim a continuação de sua espécie e .... Julius, pergunta ao Tino: ele vai falar o tempo todo deste jeito aí, todo pomposo. Acho que sim, responde o Tino. Ei, grita Jullius. Vamos ao que interessa Jack! Até porque os ovos já foram roubados e estão em poder não se sabe de quem. Provavelmente do pirata. Sério? pergunta o zumbi, isso eu ainda não sabia. Seus apoiadores não estão sendo muito eficientes, não, diz Alonso. Vocês vão nos ajudar? E como irão fazer isto? Calma, respondem alguns amigos do Jack. Ele já vai dizer.


E Jack, solta seu grito de guerra! Iahhhhh! Vamos procurar o pirata. Mas a voz sai bem baixinho porque a garganta dele estava cortada e o som nem saia direito. Alguns zumbis generosos (ué, mas eles não são malvados? Não, só despedaçados), vem em auxílio do seu líder e logo traduzem a sua fala. Bora lá pessoal, atrás do Adilson.


Nossa! até já sabem o nome do pirata. E todos saem em disparada para todos os lados.

Mas e o Adilson? Onde será que estava? Escondido novamente. Este pirata se esconde em todas as histórias. Verdade. Mas e daí?


Daí os dinossauros e os zumbis percorreram toda a ilha e nada de encontrar nem o pirata e nem os ovos. Mas eles não estavam no berçário, querida? Diz Peter, o maior pterossauro voador que já existiu. Ele era um pterodáctilo muito respeitado no seu grupo. Querido, porque você não sai pelos ares, voando como só você sabe fazer e, olhando lá de cima, talvez consiga descobrir algo sobre os ovos do berçário. Boa ideia meu amor, diz ele para sua querida esposa.


Peter sai voando com suas enormes asas e, de repente, vê algo correndo entre os campos da cidade fantasma dos zumbis. Segue a criatura e observa quando o vulto entra no corredor do Altar. Ah, tá, pensa Peter. Já sei quem é. É o pirata. Dá meia volta no ar e segue até a clareira mais próxima. Com seu enorme bico afiado e cheio de dentes emite um som alto e forte que na linguagem dos pterossauros quer dizer: ACHEI! ACHEI!


Muitos zumbis e dinossauros param de procurar quando ouvem o grito. Correm para a clareira e lá encontram o Peter que continuava a gritar feito um louco. Eu achei, eu achei. Os ovos? Não, o pirata. E ele está com os ovos, pergunta Jack? Isto eu não sei. Mas eu vi ele entrando no Corredor do Altar. Encontrou o portal de novo! Comentam alguns zumbis (os que não tinham a boca costurada, é claro). Todos pro Corredor do Altar, pessoal.


E a horda segue a toda velocidade (tanto quanto podiam, porque os zumbis não conseguem caminhar rápido, neh?) Nem os dinossauros. Quer dizer, alguns.


Saurus, um saurópode jovem ainda, mas com seu pescoço bastante alongado já e uma cabeça pequena como todos os da sua família, conseguiu ver o Altar antes dos outros. Pessoal, eu estou vendo. O quê? Diga. Tem um humano enrolado atrás do Altar. E você consegue ver os ovos, perguntam quase ao mesmo tempo, alguns zumbis e o Jullius. Não, isto eu não sei, responde Saurus. Ah, mas que droga! O que é isso? Tino repreende o amigo. Ele só está querendo ajudar. Mas nós queremos saber dos ovos. Vamos perguntar para este tal de Adilson.


Caminhando, novamente o mais rápido possível, entram na cidade dos zumbis e seguem pelo Corredor da Pedras Negras até chegar no Altar. Parem, diz Jack, levantando sua mão sangrenta para o alto.


Vamos pegá-lo de surpresa. Ao meu comando e todos bloqueiam a saída do Corredor. O das Pedras Negras ou o do Altar, pergunta Alonso. Afff! É o mesmo corredor, ora!


JÁ! O grito vem acompanhado de sons muitos assustadores, como é próprio dos zumbis e alguns dinos até saem correndo para o outro lado. Sabemos que você está aí. Saia com as mãos para cima. Vocês estão armados? pergunta o pirata Adilson ao sair do esconderijo.


Olha só, vamos esclarecer as coisas. Eu não roubei os ovos! Eu também não escondi os ovos de vocês. E porque você está com eles, pergunta Jullius, seguido por ares de aprovação de todo o bando que agora cercava o pobre Adilson.


Bem, eu ia passando e vi uma enorme aranha caranguejeira rosa salmão, deste tamanho, pronta para abraçar os ovos e leva-los para sua teia. Hummm! To pensando que é mentira, diz Tino. É, concordam alguns. Aranhas não comem ovos de dinossauros. E onde eles estão? Escondidos, responde o Adilson. Mas onde? Gritam desesperadas as mães! Bem,.... ocorre que eu me esqueci onde deixei. Ah! Não. Você tá de brincadeira com a gente, neh?


Pois é, eu até queria que fosse, mas não estou com uma memória muito boa ultimamente. Pra cima dele pessoal! Grita Saurus! Ele tem que nos mostrar onde escondeu. Tá, tá bem. Pra provar que não estou mentindo eu vou ajudar vocês a procurar. Venham por aqui. E todos seguiram o Adilson pelo Corredor das Pedras Negras. Depois de andarem um tempo, de repente: Lembrei! Lembrei! Diz o pirata num grito. Eu enterrei os ovos embaixo de umas pedras lá na praia. Pensei que lá as aranhas nunca vão. Bom, ao menos foi uma ideia, disse Jack. Seguiram pelo Corredor novamente, andando o mais rápido que podiam, circularam o Altar e se atiraram no rio que levava para a praia. Afundaram.... afundaram .... e ... como num passe de mágica se viram na praia. Saímos da cidade? Pelo Portal? Que maravilha, disse um dos zumbis. Eu nunca tinha vindo por aqui. Gostei. Eu também não disse outro pterossauro.


Lá estão as pedras, o pirata apontou com a mão de gancho. Tudo remexido, disse Jullius e os ovos não estão aqui! Céus, disse uma das mães. Olhem! Mais longe um pouco, estava um grupo de pequenos dinossauros de várias espécies a brincar e rolar na areia da praia.


O que aconteceu? perguntou Seghus, já que ele não via nada. Os ovos eclodiram e os filhotes já nasceram, disseram as mães, enquanto corriam para encontrar seus pequenos.


Ufa, todos respiraram aliviados!! E o pirata foi saindo de mansinho, escondidinho.. e se mandou!!!!!


Ele tá fugindo, gritaram alguns zumbis! Deixem, a gente já encontrou as crianças disseram os pais.


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