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Foto do escritorCirce Palma

Touro Frederico

Frederico era um touro muito bravo. Mais que os outros touros, amigos dele. Por qualquer motivo olhava atravessado e já queria atacar as pessoas. Ficava bufando e soltando vento pelo nariz. Parecia até um dragão. Só que não soltava fogo. Ufa. Ainda bem, disse o menino.



Um dia estava calmamente, quer dizer, nem tão calmo assim, afinal calma era uma coisa que ele ainda precisava aprender, e muito. Enfim, estava calmamente comendo umas graminhas bem verdinhas e gostosas quando ouviu o barulho. Muito forte. Pareciam galhos se quebrando. E cada vez aumentava mais e ficava mais perto dele. Frederico levantou a cabeça e as narinas ficaram bem abertas, tipo quando estava muito bravo. Olhava atentamente para todos os lados com os olhos bem arregalados. E o barulho, cada vez mais forte se aproximava dele. Chegou a pensar em correr, mas ponderou que isto não seria nada corajoso. O que vão pensar de mim, disse a si mesmo. Mas mamãe, disse o garotinho, touro fala e pensa? Nesta história, sim querido. Tá bom. E daí? Daí, ele viu a sombra do animal. Era enorme e ele não sabia que animal era aquele. Ah, mas eu vou mesmo é fugir. A sombra era muito maior que o Frederico. Quando moveu uma das pernas para bater em retirada, ouviu: Onde você pensa que vai. Ai, não! Tô ferrado. Quem, eu? Tava indo pegar aquelas graminhas ali. A estas alturas Frederico estava tremendo de medo. Ei, você tá com frio? Perguntou a voz. Não, porque pergunta? Tá tremendo. Não, é que eu sempre tremo assim quando estou com fome. Hummm, disse a voz.


E continuaram assim, conversando, sem que o animal misterioso se apresentasse.


Pois então coma as graminhas que você queria, ora! Mas para chegar nas graminhas, Frederico deveria passar bem perto do lugar de onde vinha a voz. Sabe, é que eu pensei melhor e acho que estas não são as minhas favoritas, disse o touro. Ah, não? Coma assim mesmo, gritou o animal e sua voz se fez ouvir do outro lado do campo. Foi um terror só. Uma correria para lá e para cá. Cada bicho do campo só queria saber de se esconder. Mas eles tinham visto o animal, mamãe? Não, ninguém tinha visto.


Então porque corriam? De medo, ora. Ah, sim. E daí? Daí aconteceu o pior.


A sombra veio se aproximando do Frederico, se aproximando bem devagarinho e quando chegou mais perto o sol desapareceu atrás das árvores e não tinha mais sombra. Ué! Que estranho! Não tinha mais o bicho? Ele sumiu? Onde ele foi? Calma, uma pergunta de cada vez, filho. O animal misterioso não desapareceu. Só a sua sombra porque é o sol que faz a sombra e o sol foi pra trás das árvores. Sem sol, não tem sombra.


E quem apareceu? O Luisinho. O menino filho do seu Anselmo que era o dono do sítio, onde ficava o campo. Ele estava vestindo uma enorme capa vermelha que sua vó tinha feito para ele brincar que era o super homem. Quando ele abria os braços a sombra ficava bem grande. Ah, e por isto o Frederico pensou que ele era um animal grande. Isso?


Isso mesmo meu filho. Mas e o que ele fez?


Ah, nem queira saber. Ele ficou muito, mas muito bravo mesmo e saiu em uma corrida desabalada em direção do menino. Mamãe? O que é desabalada? É...é correndo muito rápido.


E pegou ele?


Luisinho tropeçou num enorme galho, que estava caído no chão, e quando o touro avançou contra ele enfiou uma das guampas no galho e ficou trancado. Frederico gritou tão alto que o Sr. Anselmo e Dona Margarida vieram correndo para ver o que tinha acontecido. Claro que o Luisinho aproveitou para correr e se escondeu. O casal ajudou o touro a se desvencilhar do galho e .. Mamãe? O que é desvencilhar? É se livrar? Ah,tá.


E daí foi assim. E daí terminou a história e agora você vai tomar seu banho. Mamãe? O que é? Eu posso me desvencilhar do banho?


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