Em tempos tão conturbados como os que se vive atualmente, é preocupante observar que os diagnósticos que chegam aos consultórios, vindos com os pacientes, parecem ter tomado algumas vezes, um caminho diferente do que deveriam. A intenção parece estar mais voltada a “acalmar os ânimos" (de pais e outros adultos envolvidos, no caso dos adolescentes ou mesmos das crianças) do que, propriamente, a contribuir para as suas dificuldades e/ou necessidades.
Pontuar os motivos que levaram aquele adolescente ou criança a situação estressante, de angústia, depressão ou de qualquer outro desajuste, de repente, tornou-se menos importante. O que vale é dar nome aos fatos, enquadrar o paciente em um dos tantos quadros que as classificações nos apresentam. Deste modo também se torna possível medicar, para que cessem ou se atenuem os sintomas. Pois são eles que importunam, que desconfortam os pais, professores, familiares, etc.
Naturalmente não podemos generalizar tais situações.Mas não podemos também, simplesmente, assistir a forma como estão sendo propostos os diagnósticos para estes pacientes. De uma forma quase estereotipada, atendendo mais ao desejo de classificar, de ajustar as crianças ao que os adultos esperam. Ao propor diagnósticos, engessados numa ideia pré-concebida, que atenda aos anseios e vontades dos adultos, alguns profissional não consideram o entorno da vida familiar, o contexto de vida deste paciente. Muitas vezes encontramos pais estressados, que buscam alívio para a tensão em que vivem. Querem, antes de tudo, que o profissional interfira no comportamento e até mesmo nos sintomas que a criança/adolescente apresenta, esquecendo que eles precisam ser vistos além do diagnóstico. Precisam ser entendidos na forma como expressam seus medos, desafios, angústias, etc. Na repressão que sofrem, por parte dos adultos, de modo violento muitas vezes, gerando respostas igualmente violentas. Isto não deveria ser configurado isoladamente. Isto leva os adolescentes, principalmente, a grupos e relacionamentos tóxicos quando estão nesta busca desesperada do que não lhes é oferecido para sua segurança e conforto. Se a família se encontra emocionalmente dissociada, instável não é possível que o adolescente ou a criança esteja equilibrada e ajustada.
Não seria um diagnóstico indicativo de medicações, as mais variadas, que iria recompor este ambiente, aliás, auxiliaria na perpetuação de comportamentos disfuncionais e manutenção de estruturas de relacionamento que não irão mudar na medida que são encobertas pela identificação de uma situação pontual em algum membro da família. . Estes procedimentos desconfortam e não permitem aos profissionais, mais atentos a estas variáveis importantes no meio familiar, uma atuação mais efetiva que leve, de fato as crianças/adolescentes e suas famílias a um verdadeiro reequilíbrio emocional.
É preciso, portanto, estar atento às diferentes facetas que cada situação familiar apresenta, quando na busca por ajuda profissional. Terapeutas, psicólogos, precisam ler nas entrelinhas aquilo que as famílias não dizem, mas demonstram de alguma forma. Os pedidos de ajuda, nem sempre aparecem de modo objetivo e claro.
Texto por:
Circe Palma - Psicopedagoga
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Ana Cristina Blaya Figueiró - Psicóloga
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