Em tempos de tantas perdas e inseguranças o que temos são nossas possibilidades de enfrentar a situação traumática que estamos vivendo. Com mais otimismo, na esperança de preservar a saúde, especialmente a saúde mental.
Muito mais do que entender o que está acontecendo, há que ter cuidado e atenção para o que se lê e se ouve. Assim estaremos nos apropriando de ferramentas emocionais que permitam suportar a pressão e a insegurança a que estamos submetidos. Cuidar deste presente, deste agora incerto, mas com ênfase naquilo que nos protege e tranquiliza. Esta é a ideia. Um dos sentimentos muito frequentes é o de perda de identidade nessa situação estressante. No isolamento as rotinas se alteram e nos faltam as referências que antes serviam para nos estabilizar e que também caracterizavam nossa intimidade. Com diferentes necessidades a serem atendidas, demandas de cuidados com a estrutura e atendendo a várias situações constantemente impactamos nosso sentimento de pertença, característica fundamental para o ser humano. É saudável que cada pessoa se sinta parte de um grupo e ao mesmo tempo tenha sua privacidade, intimidade e aspectos de identidade preservados.
É bastante importante, então, que saibamos definir novos comportamentos, estabelecendo rotinas que permitam vivenciar as coisas importantes do fazer diário, que, embora simples, constituem o nosso viver. Cuidar e viver o momento presente. É o que nos leva a um sentimento de reconhecimento da própria identidade, equilibrando deste modo nossas emoções e nos estabilizando novamente.
Podem surgir angústias trazidas pela dificuldade de não se reconhecer. Frases como “não aguento mais”, … ”quando voltam as escolas?”, “não aguento mais essa rotina”.. é muito difícil trabalhar home office, por muito tempo, preciso ir para o escritório, ou ainda , “essa (e) não sou eu”, “quero minha vida de volta”, e muitas outras enfim, são frases que traduzem os sentimentos provindos destas transformações as quais a sociedade toda está passando.
É neste momento que devemos buscar alternativas e recursos que nos possibilitem um maior bem estar emocional. Momentos de gratificação, ainda que pequenos, como um simples cafezinho, que nos ofereça um tempo de estar apenas. Lembrar de momentos de privacidade relacionados com os momentos de uma rotina que tínhamos, leituras positivas que nos envolvam em momentos de tranquilidade, estimulando sentimentos de paz, de amor, de bem estar.
No fazer das tarefas diárias, que foram tão profundamente afetadas, é interessante dividir com outras pessoas da família ou, ainda, quando estamos literalmente sós, otimizar tais tarefas, sem fazer cobranças nem de si mesmo, nem dos outros. Estamos todos envolvidos na mesma situação e o que afeta um, afeta todos, então o que equilibra um, equilibra também a todos. Queixas, cobranças, expectativas dos feitos de um e de outro, não somam ao grupo, não contribuem. Pensamentos que agregam, elogios, que normalmente não seriam feitos, mas que agora são enaltecidos, todas estas são atitudes positivas que contribuem bastante para o equilíbrio e o bem estar emocional de todos. A adoção de comportamentos que nos levem a recuperar confiança e certezas em relação a tratamentos, vacinas e evolução dos casos.
Cuidar de cada um de nós mesmos pressupõe a busca para o que é possível, para as alternativas que temos a nossa volta. Assim, estaremos preservando nossa saúde mental tão duramente atingida pelos últimos acontecimentos desta pandemia.
Circe Palma - Psicopedagogia e Terapia Familiar
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Ana Cristina Blaya Figueiró - Psicóloga
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